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Não são apenas as contas mais urgentes das famílias, como a fatura do cartão de crédito ou as cobranças de aluguel e eletricidade, que têm pesado sobre o orçamento doméstico no contexto atual. Na verdade, muitos dos projetos que esses brasileiros fizeram no passado também estão pesando no bolso até agora, como é o caso da formação universitária.

O caso mais emblemático é o do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa do governo federal que ajuda estudantes que desejam fazer um curso universitário a pagá-lo em instituições privadas. 

O funcionamento é simples e muito utilizado em outros países: o governo empresta o dinheiro e, depois, cobra o empréstimo distribuindo as parcelas ao longo da formação e da entrada do beneficiário no mercado de trabalho. Em alguns modelos, a pessoa só começa a pagar depois que se forma.

Foi assim que, quando a situação econômica do país era melhor, muitos jovens brasileiros – e até mesmo pessoas mais velhas – viram no programa uma chance de financiar o diploma e, assim, almejar uma carreira profissional melhor. 

Em 2014, no melhor ano do programa, 732 mil contratos foram assinados entre o governo, os alunos e as faculdades, por exemplo. 

Mas com a deterioração da economia, principalmente depois da pandemia de covid-19, muita gente não conseguiu terminar a faculdade e, pior do que isso, ficou devendo o empréstimo ao Fies. Segundo dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que administra os recursos, essa é a situação de mais de 1 milhão de brasileiros hoje. 

RENEGOCIAÇÃO DO FIES

É tanta gente que o governo resolveu renegociar as dívidas: até o fim deste ano, beneficiários que fecharam seus contratos até o fim de 2017 e que passavam pela fase de amortização de seus empréstimos em dezembro do ano passado, podem pedir para rever essa conta. Em alguns casos, o programa admite abrir mão de até 99% do dinheiro que teria para receber.

É, sem dúvida, uma medida de socorro que tenta dar conta da disparidade dos dois momentos: aquele de empolgação, no início, e o de de crise, após a dívida. Acima de tudo, é um meio de tentar desafogar as contas de muitas famílias que, como já escrevi em outro artigo, sequer estão conseguindo dar conta das demandas mais urgentes da casa. Para quase um terço da população, chegar ao fim do mês com algum dinheiro é um desafio, segundo um estudo que fizemos recentemente na Plano CDE.Fies_2.png

A possibilidade de renegociação é positiva também por permitir que os devedores saiam da lista de restrições ao consumo. Em um momento em que muitas famílias precisam recorrer ao crédito para comprar itens básicos, ter o nome sujo é um complicador significativo. 

A boa notícia é que, nesta época do ano, outras instituições financeiras e redes também abrem períodos de renegociação de dívidas. 

São brechas para condições melhores de pagamento, com prazos mais largos, juros mais baixos e até abatimentos importantes nos montantes finais. Acima de tudo, elas eliminam a restrição ao nome e colocam, novamente, uma multidão de brasileiros de volta de volta ao consumo no mercado.Fies_3.png

Para a economia do país, que almeja uma retomada mais robusta, é muito bom, mas melhor ainda para as pessoas que, mais do que se livrar de uma dívida, querem poder terminar de pagar seus estudos.

LinkedIn: Breno Herman Mendes Barlach

Instagram: @planocde

*Esse artigo é de autoria do colunista Breno Barlach e não reflete, necessariamente, a opinião do Banco PAN.