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20.12.2021
PorRedacao | Millena PAN
Há alguns anos, ocorre um fenômeno do crescimento no número de empreendedores e autônomos no Brasil. Em parte devido à sucessão de crises econômicas que o país enfrenta desde meados da década passada, e também por mudanças mais estruturais no mercado de trabalho, cada vez mais brasileiros têm a sua renda vinda de negócios próprios.
Com isso, cada vez mais cresce a preocupação de como apoiar o crescimento e a saúde financeira desses empreendimentos.
Dois temas são sempre mencionados, por governos, terceiro setor, e outros atores que se propõe a apoiar pequenas empresas e negócios: organização financeira e acesso a crédito.
Em nossos estudos com pequenos empreendedores, identificamos alguns desafios para essas duas formas de apoio.
Em relação à organização financeira do negócio, o primeiro gargalo de gestão dos negócios individuais é a separação do dinheiro da casa e da empresa.
Como grande parte desses empreendedores têm negócios que ficam “na corda bamba”, no limite da rentabilidade, é comum que não haja espaço para um entendimento sobre como se preparar para imprevistos comuns de qualquer empreendimento.
Assim, todo dinheiro que entra é tratado como um “salário” – até por necessidade das famílias de menor renda.
Com isso, no caso de um imprevisto, como uma doença que impeça a pessoa de trabalhar por alguns dias, ou a manutenção de algum equipamento, o pequeno empreendedor se vê com uma dívida e acaba por ter de escolher entre salvar seu negócio ou alimentar a família.
Isso é ainda mais forte no caso de mulheres empreendedoras que, em geral, dedicam uma parte maior dos seus ganhos para a família, como mostram estudos realizados pela Rede Mulher Empreendedora.
O desafio de organização da gestão financeira do negócio está diretamente relacionado com a forma como empreendedores e empreendedoras lidam com o crédito. Exatamente por enfrentarem imprevistos como os descritos acima, muitas vezes os empréstimos são pensados não como formas de investimento para o crescimento do negócio, e sim como uma estratégia para lidar com emergências.
Ora, o crédito para emergências tem características muito diferentes daquele tomado como parte de um planejamento para o futuro do negócio, por alguns fatores:
Não há tempo para comparação entre taxas e juros
Há necessidade de liberação rápida do dinheiro
Não há “espaço mental” para entendimento de regras muito complexas
Os dois primeiros pontos são muito claros, e não demandam mais explicações. No entanto, o terceiro ponto é central para entender por que muitas vezes os empreendedores aceitam opções mais caras e menos vantajosas na hora de aceitar um empréstimo.
Durante uma emergência, a exigência de uma série de documentos, formulários e avaliações assusta, e afasta o pequeno empreendedor dos empréstimos com maior qualidade.
Com isso, muitos optam pelo uso do cheque especial, ou do parcelamento do cartão de crédito: opções mais caras, mas que cumprem as exigências do crédito emergencial.
É necessário que instituições financeiras e outras, que apoiam os pequenos empreendedores, considerem esses problemas na hora de montar produtos e serviços direcionados para esse público.
Sem considerar os desafios do “dia a dia”, que traz imprevistos e emergências constantes, as ofertas “saudáveis” de crédito serão sempre preteridas contra opções mais rápidas e simples, ainda que desvantajosas, em especial para um perfil de menor renda.
LinkedIn: Breno Herman Mendes Barlach
Instagram: @planocde
* Esse artigo é de autoria do colunista Breno Barlach e não reflete necessariamente a opinião do Banco PAN.
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