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Índice que mostra a inflação no bolso das famílias com renda até 5 salários mínimos, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) ficou em 1,71% em março de 2022. Foi o maior resultado do indicador para este mês desde 1994, quando ele havia ficado em 43,08%.

A taxa foi divulgada nesta sexta-feira (08) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em março de 2021, o indicador registrou variação de 0,86%. 

Com o resultado, nos 12 meses terminados em fevereiro, o indicador variou 11,73%, acima do acumulado em 12 meses em fevereiro de 2022, que foi de 10,80%.

O INPC é usado como base para o reajuste do salário mínimo e das aposentadorias e benefícios pagos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). 

De acordo com o IBGE, os produtos alimentícios passaram de 1,25% em fevereiro para 2,39% em março. Já os produtos não alimentícios tiveram alta de 1,50% em março, também acima da taxa registrada em fevereiro (0,92%).

O instituto informou que todas as áreas pesquisadas para o INPC tiveram variação positiva em março, sendo que o menor resultado foi observado na região metropolitana de Belém (1,44%), por causa da queda na energia elétrica (-2,98%). 

Já a maior variação ocorreu na região metropolitana de Curitiba (2,54%), porcausa das altas de 11,55% na gasolina e de 20,22% no ônibus urbano.

Confira no quadro abaixo a variação do INPC nos últimos meses.

O QUE SIGNIFICA INPC?

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) é um índice econômico criado pelo IBGE em setembro de 1979. Esse índice mostra qual é a variação do custo de vida no Brasil, com recortes específicos. 

Por custo de vida, o instituto entende que é o total de despesas necessárias para uma família manter o seu padrão de vida — que, por sua vez, varia de acordo com o salário e também com a  quantidade de bens que essa pessoa consome. Em geral, quanto maior o salário, mais ela consome e maior é considerado o seu padrão e custo de vida.

Como explica o IBGE, o INPC aponta o aumento ou queda de preços de itens básicos de consumo da população brasileira que recebe entre 1 e 5 salários mínimos. O objetivo é entender o custo que essas pessoas têm para continuar no mesmo padrão de vida. 

“Ou seja, indica a variação de rendimento que se faz necessária para que seja mantido o padrão de vida das famílias brasileiras que recebem de 1 a 5 salários mínimos”, diz o instituto. Ainda de acordo com o IBGE, essa faixa de renda abrange 50% das famílias no país. 

PARA QUE O INPC SERVE?

O índice ajuda a medir se o custo de vida de parte significativa da população brasileira está aumentando ou não em um determinado período.

Isso ajuda a perceber como o aumento de preços (inflação) está impactando o orçamento das famílias de renda mais baixa.

Assim, o INPC ajuda a detectar se, a cada mês, as famílias precisaram gastar mais ou menos para manter o seu padrão de vida. Caso precisem gastar mais, é porque houve aumento de preços.

O INPC auxilia, ainda, na negociação de reajustes salariais que muitos sindicatos realizam. Dessa maneira, o objetivo é permitir que os assalariados tenham rendimentos que possam cobrir o aumento do custo de vida (que pode ser comprovado pela variação do INPC).

Por fim, o índice é usado na hora de calcular o reajuste anual do salário mínimo.

COMO O INPC É CALCULADO?

O IBGE coleta dados em estabelecimentos comerciais e de serviços, além de dados domiciliares de famílias que moram nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e das cidades de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju. Os dados são coletados em geral do 1º ao último dia do mês.

Além disso, são colhidos os dados apenas dos bens e serviços consumidos pelas famílias que ganham de 1 a 5 salários mínimos dessas regiões e cidades. A pessoa chefe da família precisa ser assalariada para entrar no cálculo do INPC.   

O IBGE considera também os preços de bens e serviços que essas famílias consumiram no período analisado nas seguintes categorias:

  • Alimentação e bebidas;

  • Habitação;

  • Artigos de residência;

  • Vestuário;

  • Transportes;

  • Saúde e cuidados pessoais;

  • Despesas pessoais;

  • Educação;

  • Comunicação.

Existe ainda um sistema de pesos no INPC, que mostra o impacto de cada grupo nos custos totais das famílias. A categoria alimentos, por exemplo, tem grande peso no orçamento das famílias de renda mais baixa. 

DIFERENÇAS ENTRE INPC E IPCA

Apesar de também ser um índice de inflação, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) tem diferenças em relação ao INPC. 

O IPCA é voltado para dados de consumo de famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos todo mês. Dessa forma, existem parcelas desse grupo que sentem menos a variação de preços em categorias como alimentação e vestuário. Já o INPC, como falamos, só considera dados de famílias que ganham de 1 a 5 salários mínimos.

Por exemplo: caso o preço dos alimentos aumente, uma família com renda de 30 salários mínimos mensais  sofre menos impacto em sua renda do que uma família que recebe 2 salários mínimos todo mês.

Além disso, o sistema de pesos também traz diferenças. Ainda no exemplo de aumento de preços dos alimentos, essa despesa representa mais do orçamento das famílias de baixa renda e essa alta será representada pelo aumento do INPC.

Já se houver aumento do preço da gasolina, ele vai influenciar na alta do IPCA, porque faz parte de um item consumido por famílias que possuem carro e, em geral, têm renda mais alta.

Confira esse vídeo do canal do PAN no YouTube em que explicamos o indicador e como lidar melhor com os aumentos de preços e dicas para obter descontos.