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Quando falamos sobre finanças pessoais da imensa maioria dos brasileiros, há um elemento que não pode faltar de jeito nenhum: o cartão de crédito.

Essa popularidade se explica por muitos motivos: a possibilidade de parcelar compras, a praticidade em organizar o orçamento doméstico e a facilidade em adquirir produtos pela Internet – onde este é quase o único meio de pagamento –, entre muitos outros.

Em meio à crise que o país atravessa, o cartão de crédito também se tornou uma forma de garantir a manutenção do consumo das famílias, à medida em que a inflação alta e, por consequência, o aumento do custo de vida, fazem com que muitas delas não consigam chegar ao fim – ou até mesmo à metade – do mês com recursos para ir ao mercado ou pagar as contas.

Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio apresentou um quadro desse fenômeno recentemente: segundo o levantamento, entre as famílias brasileiras que estavam com alguma dívida ativa, 9 em cada 10 (88,5%) deviam a fatura do cartão. Em 2019, antes da pandemia, esse número ficava, em média, na casa dos 78%.

Vale lembrar que endividamento é diferente de inadimplência: o primeiro diz respeito às pessoas que fizeram uma dívida, mas conseguem pagá-la. É o caso de quem tem a fatura do cartão de crédito em aberto, mas dentro do prazo de validade, por exemplo. A segunda, ao contrário, é a situação de quem tem contas atrasadas.

Em um cenário como esse, em que o cartão é parte essencial do consumo dos brasileiros, como usá-lo sem cair na lista dos inadimplentes – e aí acabar pagando juros e tarifas maiores do que o valor da fatura?

COMO LIDAR COM O CARTÃO DE CRÉDITO

Algumas dicas sobre como usar essa modalidade de crédito já são conhecidas, embora nem todas as pessoas consigam, de fato, segui-las. Vários sites de finanças pessoais recomendam que se estabeleça um limite para as compras no cartão – uma medida importante, sem dúvida, mas que nem sempre é possível, dado o contexto descrito acima.

Ter um único cartão na carteira é outro conselho que, de fato, ajuda a controlar as contas, embora muitas famílias acabam consumindo também por meio de cartões que as próprias lojas ou redes de supermercado emitem – e que, no limite, funcionam da mesma forma.

Mas outras dicas são essenciais: a primeira coisa que é preciso evitar no cartão de crédito, por exemplo, é ter que lidar com os juros cobrados ao pagar a fatura depois do vencimento, no fim do mês. Um levantamento do Banco Central mostrou que, nos dois primeiros meses de 2022, a taxa total de juros dessa modalidade foi de 174,3% ao ano.

Ela é ainda maior, porém, se o cliente resolver pagar apenas o valor rotativo (mínimo) da fatura: em 2021, essa taxa foi de cerca de 349% ao ano. Porcentagens como essa são parecidas também quando a opção é por parcelar o valor total da fatura, por exemplo. 

É por isso que, quando as contas apertam e falta dinheiro para pagar o cartão de crédito, pode ser mais vantajoso negociar um empréstimo com alguma instituição financeira apenas para liquidar a fatura. Ao fazer essa operação, é possível captar recursos a um custo mais baixo do que essas taxas exorbitantes de juros do cartão.

Por fim, parcelar compras usando o cartão pode ser um meio de ganhar um fôlego no orçamento doméstico. Isso vale tanto para compras mais urgentes, como a compra do mês, por exemplo, que pode ter o valor dividido no caixa do supermercado – quase sempre sem juros –, como para consumos de segunda ordem, como roupas, por exemplo.

São meios de usar uma modalidade fundamental para o cotidiano financeiro das famílias brasileiras sem transformá-la, ao contrário, em um vilão do orçamento.

 

LinkedIn: Breno Herman Mendes Barlach

Instagram: @planocde

*Esse artigo é de autoria do colunista Breno Barlach e não reflete necessariamente a opinião do Banco PAN.