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Os consumidores contam hoje com diferentes formas de pagamento. Os mais comuns são dinheiro em espécie, cartão de crédito e de débito, débito automático, transferência bancária e PIX.

No mercado financeiro, o cartão de crédito só perde para o PIX como a opção de pagamento queridinha dos brasileiros. Um levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) aponta que o uso do cartão de crédito para pagamentos aumentou 42,4% em 2022, em relação a 2021. Ao todo, foram R$ 478,5 bilhões gastos nesta modalidade de pagamento.

No entanto, as taxas de juros cobradas sobre faturas do cartão de crédito são uma das maiores do mercado financeiro. Ao deixar de pagar o total da fatura atual, o valor da próxima fatura aumenta e a situação pode virar uma verdadeira bola de neve.

Quando falta dinheiro no fim do mês e sobram boletos para pagar, parcelar a fatura do cartão de crédito pode ser uma opção tentadora, mas será que vale a pena?

PRINCIPAIS OPÇÕES DE PAGAMENTO DA FATURA

No Brasil, usuários do serviço de cartão de crédito contam com quatro principais opções de pagamento da fatura: à vista, crédito rotativo, parcelado e parcelamento automático.

À vista

Pagar à vista significa pagar o valor total da sua fatura antes da data de vencimento — ou no dia em que ela vence. Usuários de cartão de crédito que pagam a fatura à vista aumentam a pontuação do Score e têm baixo risco de inadimplência.

Como explicamos neste post, Score é uma pontuação ligada ao CPF de cada consumidor. Ele é definido por uma escala que vai de 0 a 1.000 pontos e indica o seu perfil financeiro. Pontuações altas revelam o quão bom pagador você é.

Pessoas com Score alto mostram para as instituições financeiras que têm controle sobre suas economias e, assim, conseguem tranquilamente abrir contas em bancos e lojas, aprovação de créditos e empréstimos ou compra de casas e carros.

Crédito rotativo

Na modalidade de crédito rotativo o consumidor precisa pagar pelo menos o valor mínimo da fatura antes do vencimento. O que ficou em aberto, chamado de valor rotativado, será cobrado com juros e IOF de 20,49% na próxima fatura.

Essa opção cobra uma das taxas de juros mais altas do mercado. Para se ter ideia, a taxa de juros do cartão de crédito rotativo atingiu 370,4% ao ano em junho de 2022, o que representa alta de 1,6 ponto percentual frente ao mês anterior, segundo dados do BC (Banco Central). É o maior patamar desde 2017.

Em abril de 2017 o Banco Central implementou novas regras e desde então só é possível solicitar o crédito rotativo uma vez a cada 30 dias.

Já em abril de 2018, o Conselho Monetário Nacional (CMN) mudou uma das resoluções do mercado financeiro e desde então cada banco define a própria porcentagem mínima de pagamento da fatura. Antes, o valor mínimo era de 15% para todas as instituições financeiras.

Parcelado

Os bancos também oferecem aos usuários a opção de parcelamento da fatura, modalidade que permite dividir o valor total ou parcial em parcelas fixas acrescidas de juros e IOF de 14,90%.

Nesse caso, é possível escolher entre parcelar toda a fatura ou pagar uma parte antes da data de vencimento e parcelar o restante.

Vale lembrar que cada banco define a sua própria taxa de juros e o número de parcelas. Além disso, não é possível solicitar o parcelamento da fatura antes que ela esteja fechada.

Muitos bancos já oferecem a opção de calcular e solicitar o parcelamento da fatura diretamente no aplicativo do celular. Se preferir, você também pode ir até o banco e negociar pessoalmente o parcelamento da sua fatura.

Parcelamento automático

Essa opção fica disponível quando a fatura deixa de ser paga no valor integral devido. Nesse caso, a alternativa pode contribuir para que as contas não virem uma bola de neve no mês seguinte. Ou seja, trata-se de uma solução para parcelar o saldo do crédito rotativo.

Ao pagar um valor entre entrada mínima para parcelamento automático e o pagamento mínimo da fatura, o restante será parcelado automaticamente, com juros menores e prazos diferenciados.

O QUE É MELHOR PAGAR O MÍNIMO DO CARTÃO OU PARCELAR?

Normalmente, os cartões de crédito oferecem ao consumidor a alternativa de pagamento mínimo do que foi gasto durante o mês, como explicamos acima. Ao pagar esse valor, a pessoa entra no chamado crédito rotativo, em que juros passam a ser cobrados sobre o valor restante da fatura, isto é, o que ficou em aberto.

É importante lembrar que o não pagamento do mínimo da fatura pode fazer com que o seu cartão de crédito seja bloqueado e seu nome seja enviado para serviços de proteção ao crédito, como Serasa e SPC.

PRÓS E CONTRAS DE CADA

Pagamento do mínimo

O pagamento mínimo compromete o limite do cartão, pois, em geral, o banco só libera crédito referente à parte paga. Contudo, é preciso cuidado com os juros que incidirão sobre o valor em aberto, uma vez que eles podem “restituir” boa parte desse mínimo pago.

Desse modo, na fatura seguinte, o valor em aberto poderá ficar próximo ao que estava antes, gerando a sensação de que não adiantou muito ter pago ele. Aliás, os juros do crédito rotativo são compostos.

Por outro lado, o pagamento do mínimo evita, como mencionado, que o nome da pessoa seja enviado a órgãos de proteção ao crédito e ela tenha seu cartão bloqueado. Também possibilita a quitação do restante da fatura no mês seguinte, ou seja, ganha-se tempo para fazer o pagamento.

Parcelamento da fatura

O parcelamento fixa uma taxa de juros, normalmente inferior ao do crédito rotativo, e permite que a quantia em aberto possa ser paga em um prazo mais longo. Ele também organiza o pagamento do saldo do cartão, porém o seu limite total fica bloqueado e só é liberado aos poucos, conforme as parcelas são pagas. Resumindo, o limite total só é restituído após o parcelamento ser quitado.

É importante não atrasar as parcelas, pois esse crédito poderá ser cancelado. Caso isso ocorra, será preciso entrar em contato com a instituição financeira para negociar um novo acordo de parcelamento com o objetivo de evitar que seu nome seja enviado aos serviços de proteção ao crédito, bem como o cartão seja cancelado. Além disso, os juros poderão ser recalculados.

É preciso cuidado com a migração do saldo em aberto do crédito rotativo para o parcelamento, especialmente se você está perto de receber dinheiro para cobrir o valor devido. Isso porque, além dos juros desse crédito rotativo, você terá de pagar os juros do parcelamento.

Seu saldo também ficará bloqueado, sendo liberado pouco a pouco mediante o pagamento das parcelas. Normalmente, o banco oferece a possibilidade de antecipá-las a fim de quitá-las de uma vez, reduzindo juros nesse processo.

Outro ponto de atenção é que à medida que você paga as parcelas e libera limite do cartão, esse saldo geralmente fica disponível para ser usado em novas compras e pagamentos. Por isso, se fizer novas compras com ele, sua fatura virá normalmente para ser paga, mesmo que ainda esteja quitando o parcelamento da anterior.

Essa situação requer cuidado e um bom controle financeiro para que você não entre no crédito rotativo ou tenha que parcelar também essa nova fatura, ficando com dois parcelamentos ao mesmo tempo.

O QUE ACONTECE SE EU PARCELAR A FATURA DO CARTÃO DE CRÉDITO?

O parcelamento da fatura, como o próprio nome sugere, permite ao cliente parcelar o pagamento do saldo devedor e pagá-lo posteriormente com acréscimo de juros. Ou seja, são definidas as quantidades de parcelas, os valores e as datas de vencimento de cada uma. Define-se, então, que cada parcela será acrescentada às faturas posteriores, portanto, se o consumidor parcelar a fatura de fevereiro em três vezes, por exemplo, cada parcela entrará no valor da fatura dos meses seguintes, isso é, março, abril e maio.

Esse parcelamento conta com uma taxa fixa de juros, que de acordo com o Banco Central começa em 0,62% ao mês e pode chegar a até 16,08% ao mês, conforme a instituição financeira e a quantidade de parcelas escolhidas. Além disso, há incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em todas as parcelas.

Quem aceita esse tipo de acordo precisa saber que o parcelamento não se aplica às faturas seguintes, logo, se o cliente continuar utilizando o limite disponível no cartão de crédito nos meses seguintes, as novas compras virão normalmente na fatura, somadas às parcelas da fatura anterior, que ainda está sendo quitada. Dessa forma, é recomendável ter atenção aos gastos e remanejá-los durante o processo de pagamento das parcelas.

DICAS PARA EVITAR DÍVIDAS NO CARTÃO DE CRÉDITO

1.   Uma dica para controlar os gastos do cartão de crédito, conseguir pagar a fatura em dia e diminuir o limite de crédito liberado da sua conta. Algumas instituições financeiras já permitem alterar o limite de crédito pelo aplicativo do celular.

2.   Outra dica é escolher a melhor data de vencimento da fatura. Escolha uma data próxima ao recebimento do salário, assim você paga a conta do cartão de crédito assim que recebe e não gasta todo o dinheiro até a data de vencimento do boleto.

3.   Por fim, cabe pontuar que algumas linhas de crédito, como empréstimos consignado e pessoal, contam com juros menores que o do cartão de crédito. Nesse caso, vale solicitar um empréstimo antes da data de vencimento para pagar a fatura à vista.