O que você vai ler neste artigo:
Você já ouviu alguém dizer coisas do tipo: “essa geladeira custa três conto”. E o curioso é que as pessoas falam assim mesmo, com esse erro de português, sem usar o plural. Você não ouve ninguém dizer “três contos”, por exemplo. É “três conto” mesmo. Mas tudo bem. Faz parte da cultura popular.
A questão aqui é: de onde vem a palavra “conto”?
O real foi a moeda oficial de Portugal durante mais de 400 anos — e foi também a moeda oficial do Brasil durante o Império. Mas não era o mesmo real que a gente tem hoje. Era apenas uma coincidência de nome. Ele acabou mais de cem anos atrás e foi substituído por outra moeda chamada Escudo.
Naquela época, o plural de “real” era “réis”. Então, as pessoas falavam “dois réis”. Se alguém tivesse 1.000 réis, então ela tinha 1 “mi-réis”.
E se uma pessoa juntasse 1 milhão de réis, então tinha 1 “conto de réis”. Ou seja, eles usavam o “conto” como um sinônimo de “milhão”.
Portanto, “conto” indicava bastante dinheiro. Assim, o nome pegou e é usado até hoje como gíria.
Muitas vezes, alguém usa o nome “barão” como se fosse um sinônimo de mil. Por exemplo, se um carro custa R$ 40.000, alguém pode dizer que custa “40 barão” — de novo, sabe-se lá por quê, quase nunca respeitam o plural, mas, novamente, é parte da cultura popular.
Mas por que um “barão”?
No passado, barão sempre foi associado a riqueza. Talvez por isso, na década de 1950, José Maria da Silva Paranhos Júnior, mais famoso como Barão do Rio Branco, foi quem estampou a nota de 5 cruzeiros, que quando foi lançada tinha alto valor. Mais tarde, em 1977, ele voltou a estampar uma nova cédula, desta vez a de 1.000 cruzeiros. Atualmente, ele está na moeda de 50 centavos — que não tem o mesmo status.
O fato é que, nas décadas de 1950 e 1970, as pessoas se acostumaram a olhar para o rosto do Barão do Rio Branco estampado nas notas e fazer a brincadeira com o “barão”. E a coisa pegou.
Na década de 1930, o Partido Libertador do Rio Grande do Sul apoiou todos os levantes da Revolução Constitucionalista contra o então presidente Getúlio Vargas. Acontece que Vargas conseguiu se eleger e o principal líder do partido, o médico Raul Pilla, precisou se esconder no Uruguai para fugir de perseguição política.
Os correligionários dele começaram então a enviar dinheiro para Pilla se manter no Uruguai. Eles pediam doações a amigos e pessoas próximas do partido no valor de 1 cruzeiro. E as pessoas diziam, por exemplo, “eu dei 3 pila” ou “eu dei 5 pila” e a expressão pegou.
Tanto que, diferentemente de “conto” e “barão”, “pila” até hoje é mais usado para se referir a valores menores.
Em italiano, “grana” significa “grão”. Nas atividades do campo, naturalmente a produção de vários tipos de grão, como arroz, soja, aveia, milho, trigo e outros, está associado a fazer dinheiro.
Daí também sai a expressão “grana preta”. A brincadeira de falar sobre grãos pretos está associada ao petróleo. Quando alguém encontra petróleo em sua propriedade, fica rico. Então, nesse caso, o preto é a melhor cor possível que um grão pode ter.
O humorista Igor Guimarães falou das origens desses nomes de forma divertida no vídeo abaixo, do canal Pra Fazer Mais, do PAN. Vale a pena assistir.
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