O que você vai ler neste artigo:
O Banco Central decidiu nesta quarta-feira (3), por unanimidade, elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 13,25% para 13,75% ao ano, maior patamar em 6 anos.
A última vez que a Selic foi ajustada para 13,75% foi numa reunião do dia 30 de novembro de 2016. A taxa permaneceu assim até o dia 11 de janeiro de 2017.
A Selic é a taxa de juros básica da economia brasileira. Ela influencia em vários aspectos da vida financeira dos brasileiros, como a inflação, o crédito e os investimentos.
A cada 45 dias, a taxa Selic vira destaque em todos os noticiários, porque é quando o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) se reúne para decidir se ela aumenta, diminui ou fica como está.
Essa foi a 12ª alta seguida na taxa. Acompanhe o histórico:
A decisão foi tomada por unanimidade pelos integrantes do comitê.
Em nota, o Banco Central afirmou ter subido a taxa tanto por fatores externos quanto internos.
Para o comitê, o ambiente externo “mantém-se adverso e volátil, com maiores revisões negativas para o crescimento global em um ambiente inflacionário ainda pressionado.”
Já em relação ao Brasil, o Banco Central afirmou que a “inflação ao consumidor continua elevada”.
O indicador usado pelo comitê é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que, nos últimos 12 meses, terminados em junho de 2022, ficou em 11,89%.
Com isso, o Copom disse que as medidas de inflação estão “acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta” deste ano.
A meta de inflação para 2022 é 3,5%. Existe um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual. Assim, se ela ficasse em 5%, seria considerada cumprida.
No entanto, só neste ano, a inflação acumulada até junho chegou a 5,49%. Portanto, já na metade de 2022, a alta geral dos preços ficou acima do limite estabelecido pelo Banco Central para o ano inteiro.
Além do aumento, o Copom escreveu na nota que é “apropriado” que o ciclo de aperto da taxa de juros “continue avançando significativamente”. Em outras palavras, a Selic deve aumentar nos próximos meses.
Leia também: O que é inflação
A Selic é a taxa básica de juros da economia do país. Isso significa que ela serve como base para definir todos os juros no Brasil, como aqueles que são cobrados em empréstimos, financiamentos e até mesmo nos que são pagos nos investimentos.
Mas por que Selic? Essa sigla significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia. É um sistema online em que o Banco Central negocia títulos públicos com bancos e corretoras. Dentro desse sistema, são realizadas, todos os dias, milhares de operações de compra e venda de títulos públicos. São transações com prazo de 1 dia útil.
Como dentro do sistema são realizadas milhares de transações, o BACEN consegue influenciar nas taxas finais delas. É por essas operações que a instituição busca fazer a taxa Selic efetiva atingir a meta fixada.
Aquela taxa Selic que a gente vê no noticiário é a meta fixada pelo Copom para os próximos 45 dias. Os juros não são uma “entidade fixa”, eles variam de acordo com as negociações feitas.
Essa taxa Selic efetiva ou real, que acontece nas negociações, é chamada de taxa Selic over.
Então aqui vemos a diferença entre as duas. Taxa Selic meta é o índice que o Copom fixa a cada 45 dias e que vemos nos jornais, sites, TV e rádio. Taxa Selic over é a média diária dos juros praticados nas negociações no Sistema Especial de Liquidação e Custódia entre o Banco Central e as instituições financeiras.
Confira esse vídeo do canal do Banco PAN no YouTube com a explicação sobre a taxa.
Além de ser a taxa que serve de base para todas as outras que são cobradas ou pagas na economia brasileira, a Selic é usada pelo Banco Central como uma ferramenta para controlar a inflação. Ela foi criada em 1979 exatamente para servir como instrumento de controle dos preços.
Em 1999, o Brasil adotou o regime de metas de inflação. A ideia é que, sabendo com antecedência qual a provável inflação de um ano, pessoas e empresas possam planejar sua vida financeira.
Quem define a meta de inflação no país é o CMN, o Conselho Monetário Nacional. O índice adotado como base é o IPCA, Índice de Preços ao Consumidor Amplo, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É por isso que o IPCA é chamado de “a inflação oficial do país”.
Já quem tem a responsabilidade de adotar as medidas necessárias para que esse índice seja alcançado é o Banco Central. E a taxa Selic é o principal instrumento usado para isso.
A cada 45 dias, o Copom se reúne para definir qual a meta para a Selic no próximo período.
Nessas reuniões, o comitê avalia, primeiro, como está a inflação e a tendência dela. Afinal, a taxa é o instrumento de controle de preços usado pelo Banco Central.
Mas os integrantes do Copom, que são diretores do BACEN, olham para outros indicadores. Um deles é a atividade econômica, que inclui produção, vendas, prestação de serviços e nível de emprego.
Outros são os fatores externos: o que está acontecendo nas economias dos principais países e quais as tendências para o próximo período. Com base nessas informações, o Copom avalia qual meta fixar para a Selic.
Para 2022, o CMN determinou uma meta de 3,5% para a inflação. Esse é o chamado “centro” da meta. O indicador usado como inflação oficial do país é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estastística).
A inflação pode ser influenciada por vários fatores, até mesmo externos. Por exemplo, uma estiagem forte pode elevar preços de produtos agrícolas.
Ou uma crise financeira internacional afeta a cotação do dólar, que tem reflexos nos preços de várias mercadorias, como eletrônicos, importados e até mesmo o pãozinho, pois a maior parte da farinha de trigo que usamos no Brasil vem do exterior.
Com isso em vista, o CMN também fixa um intervalo em que a inflação vai poder ficar. É o chamado intervalo de tolerância. Neste ano de 2022, ele é de 1,5 ponto percentual, para cima ou para baixo. Isso quer dizer que, se o IPCA terminar o ano entre 2% e 5%, a meta será considerada cumprida.
No entanto, se a inflação não ficar dentro desse intervalo, o BACEN vai precisar se justificar. Nesse caso, o presidente da instituição deve divulgar publicamente as razões pelas quais a meta não foi cumprida e o que está sendo feito para que a inflação volte para os limites estabelecidos.
Essas justificativas são escritas em uma carta aberta dirigida ao ministro da Fazenda, que é o presidente do CMN. Não há uma “punição” formal prevista para o BC caso a meta não seja cumprida.
Isso aconteceu pela última vez em 2021, quando o presidente do Banco Central teve de escrever e divulgar tal carta para o ministro da Economia.
Você pode estar se perguntando: mas como a taxa Selic consegue influenciar na inflação?
Quanto mais dinheiro estiver disponível na economia, maior a tendência de as pessoas consumirem. Por exemplo: se há mais pessoas empregadas, há mais salários sendo pagos, mais dinheiro circulando e mais compras sendo feitas. Se há mais gente comprando produtos ou serviços, os preços tendem a subir por haver mais procura.
Por outro lado, se há menor quantidade de dinheiro circulando, há menor procura por mercadorias e serviços e, assim, os valores têm uma tendência a baixar, para atrair consumidores.
A política monetária, que é o conjunto de medidas adotadas pelo BACEN para manter a inflação sob controle, busca influenciar a quantidade de dinheiro que está na economia.
A taxa de juros é uma ferramenta importante para isso.
Quando a Selic sobe, a taxa de juros de créditos e financiamentos tomados por pessoas e empresas aumenta também.
Isso desestimula os empréstimos, reduz a quantidade de dinheiro circulando e, assim, o que se espera é que a inflação caia.
Já quando a Selic cai, existe uma tendência de aquelas taxas recuarem também. Isso porque ela é a taxa básica dos juros da economia.
Se há um juro menor, isso estimula os financiamentos, aumenta o dinheiro disponível e o consumo tende a aumentar. Por consequência, como vimos, os preços também sobem.
Esses efeitos que descrevemos sobre a inflação também são sentidos na atividade econômica. Além de consumo e preços, a taxa pode influenciar também na quantidade de empregos, por exemplo.
Quando o Copom aumenta a taxa Selic porque a inflação está alta, já vimos que ele busca diminuir o consumo e os preços.
Mas essa atitude tem também o efeito de reduzir a produção, os ganhos de prestadores de serviços e as vendas em geral. Por isso, uma Selic mais alta pode provocar, no final, aumento do desemprego.
O caminho inverso também é verdadeiro. Quando o Banco Central corta a Selic, o consumo tende a aumentar.
Esse efeito provoca aumento de produção, de vendas, de prestação de serviços. A economia fica aquecida e um dos efeitos é que mais vagas de emprego são criadas.
A meta da Selic foi fixada pelo Copom em 12,75% ao ano em 5 de maio de 2022. Isso significou um aumento de 1 ponto percentual em relação à meta anterior, definida em março, de 11,75% ao ano.
Foi o 10º aumento seguido da taxa. Com isso, a Selic chegou ao maior nível desde fevereiro de 2017.
A Selic influencia em toda a economia brasileira. Mas vamos nos concentrar nos efeitos mais diretos, que são o crédito, os investimentos e os preços das coisas que você precisa comprar.
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