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Em novembro do ano passado, o PIX, sistema de pagamento instantâneo capitaneado pelo Banco Central (BC), completou dois anos, se tornando o serviço bancário mais utilizado no Brasil graças à rapidez e gratuidade. Junto com as facilidades criadas pelo Pix também surgiram diversos tipos de golpes e fraudes criados por quadrilhas especializadas, o que leva o BC e as instituições financeiras a elaborarem medidas para aumentar a segurança dos usuários.

Na maioria dos casos, os criminosos aproveitam a praticidade e agilidade da ferramenta, que permite transferências em tempo real, para fazer suas vítimas, que sofrem desde sequestro relâmpagos até clonagem de WhatsApp. 

Nesse contexto, o Blog Amigo do Dinheiro elaborou um guia com os principais golpes aplicados atualmente, o que fazer caso você seja vítima e como se proteger dessas situações. 

1. WHATSAPP CLONADO 

O aplicativo de mensagens WhatsApp há tempos coleciona queixas dos usuários quando o assunto é clonagem. Quando o PIX passou a operar no Brasil, o golpe relacionado ao serviço começou a proliferar. Basicamente, o golpista entra em contato com a vítima se passando por uma empresa e pede que que o usuário digite um código que o criminoso envia para confirmar, atualizar ou autenticar algum cadastro. 

O problema é que, ao ter acesso a esse código de 6 dígitos, os criminosos conseguem clonar o WhatsApp e sequestrar o perfil. Se o usuário não ativar a autenticação em duas etapas, o golpista consegue instalar a conta em outro aparelho. A partir daí, o bandido manda mensagem de texto para todos os contatos pedindo um empréstimo e prometendo devolver o dinheiro no dia seguinte. 

Como a mensagem chega em nome do dono da conta do aplicativo de mensagens, as pessoas acreditam. Só que a conta bancária do PIX é do fraudador envolvido no golpe. 

Por isso é importante se atentar aos pequenos detalhes! 

Como não cair nessa 

Habilite a autenticação de duas etapas na sua conta do WhatsApp:

1. Abra o WhatsApp;

2. Clique no menu (aquele com três pontos) e acesse as "Configurações";

3. Em "Conta", escolha "Verificação/Confirmação em duas etapas";

4. Clique em "Ativar" e escolha uma senha de seis dígitos para a conta do WhatsApp;

5. Confirme o seu PIN (digite novamente o seu código pessoal);

6. Cadastre um endereço de e-mail válido se caso esquecer seu código;

7. Clique em "Avançar" e confirme seu endereço de e-mail, depois em "Salvar". 

2. GOLPE DO PIX MULTIPLICADOR 

Ter uma grana a mais na conta é o que todo mundo quer. Olhando por esse ângulo, os golpistas entram em cena fazendo solicitações de amizade em redes sociais como Instagram e Facebook ou, ainda, divulgam postagens em perfis golpistas promovendo ganhos extras por meio do PIX. A promessa é que se a pessoa fizer um Pix inicial com uma quantia mínima, receberá de volta automaticamente um valor 2, 5, 10 vezes maior. 

A prática do PIX multiplicador configura estelionato virtual, porque induz as vítimas a realizar transferências bancárias ou fornecer informações pessoais e sensíveis. Mesmo assim, muitos brasileiros já caíram no golpe. Segundo a polícia especializada em crimes virtuais, há pessoas que investiram valores altos e sequer tiveram o dinheiro de volta. 

Um dos possíveis cenários, ainda, envolve perfis de conhecidos. Caso um colega ou familiar do seu ciclo social tenha o perfil hackeado, o golpe poderá ser aplicado por meio da conta dele. Portanto, toda atenção é válida! Confira algumas dicas: 

Como não cair nessa 

  • Não clique em links enviados por mensagem ou e-mails de usuários desconhecidos;
  • Nunca informe dados sensíveis em links de procedência duvidosa, como senhas e informações pessoais;
  • Não mantenha todos os aplicativos bancários em um único celular;
  • Reduza o limite do Pix em horários que não costuma usá-lo;
  • Use a chave aleatória para receber Pix de desconhecidos;
  • Não faça pagamentos sem confirmar a identidade da pessoa que vai recebê-los;
  • Limite a visualização do perfil de redes sociais e de aplicativos de troca de mensagens a pessoas conhecidas.
  • Desconfie de qualquer postagem e pedidos relacionados a este tema, pois perfis verdadeiros também podem ser hackeados.

3. ATENDIMENTO BANCÁRIO FALSO 

Em busca de pessoas vulneráveis, o golpista aproveita o desconhecimento sobre os tipos de chaves Pix que os usuários podem cadastrar, se passa por atendente do banco e induz a vítima a criar uma chave PIX. 

Para efetivar o cadastro, eles criam a narrativa da necessidade de fazer um teste. É nesse momento que o cliente cai no golpe e acaba transferindo um valor para o golpista. 

Como não cair nessa

Nunca forneça seus dados ou faça operações bancárias em ligações. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) diz que funcionários de instituições bancárias nunca solicitam a confirmação ou cadastro de dados pessoais em conversas telefônicas. 

A instituição diz, ainda, que os bancos não pedem que os clientes façam testes com as chaves PIX cadastradas.

Em caso de suspeita de golpe, não forneça seus dados nem faça transferências, desligue a ligação e entre em contato com os canais oficiais do seu banco. 

4. GOLPE DO PIX DE R$ 1 E R$ 10 

Outra prática comum no WhatsApp ou Telegram é a multiplicação de grupos que prometem lucro financeiro mediante a transferência, por meio de PIX, de pequenos valores, que variam entre R$ 1 e R$ 10. A iniciativa propõe que cada usuário, ao entrar no grupo, pague o valor ordenado e, em seguida, recrute mais pessoas. 

O problema é que chega o momento que a pirâmide se rompe porque não tem mais como lucrar, deixando várias pessoas no prejuízo. A ação é divulgada principalmente através de anúncios nas redes sociais ou no velho marketing "boca a boca". 

O criminoso, que é o administrador do espaço virtual, após o golpe remove o grupo. Especialistas alertam que a prática tem características de pirâmide financeira, considerada crime no Brasil, de acordo com a Lei nº 1.521/1951. 

Como não cair nessa 

Nunca entre em grupos que prometem investimentos "mágicos". A Febraban alerta para que os usuários só confiem em empresas com credibilidade no mercado, sobretudo instituições bancárias reguladas pelo BC. Caso você seja convidado por um amigo, alerte-o. Há ainda a possibilidade de denunciar o grupo para a empresa de mensagens. 

5. QR CODE FALSO 

Uma das formas de fazer pagamentos por Pix é via QR Code. Atualmente, é comum vermos QR Code para transferências em lives e apresentações on-line que arrecadam dinheiro para artistas ou instituições. 

É a partir disso que o golpe do PIX do falso QR Code é aplicado. Os golpistas fazem o download desses vídeos e criam uma nova transmissão com um QR Code falso, divulgam o vídeo e o dinheiro vai direto para a conta do criminoso. 

Como não cair nessa 

Ao fazer doações, transferências e pagamentos por Pix, via QR Code, fique atento à origem do código e se desconfiar dos valores ou mesmo da origem da solicitação, não complete a operação. 

6. GOLPE DO PIX PARA TER DESCONTO 

Os golpistas enviam uma mensagem por SMS e prometem descontos em faturas em troca de um PIX. Em geral, as promessas de descontos são para faturas de celular ou cartão de crédito. Nas mensagens, os criminosos pedem que seja feita transferência para uma conta, por meio de PIX. Quando ela é feita, o golpe está consumado e, claro, quem enviou o PIX nunca terá os descontos prometidos. 

Como não cair nessa 

A primeira ação que deve ser feita é acessar os canais oficiais das empresas para checar se a promoção ou o desconto realmente existe. Se necessário, entre em contato com as empresas?-?sempre pelos canais oficiais?-?para confirmar a informação sobre a promoção. Nesse caso específico, a orientação é: cheque sempre o remetente. 

DICAS PARA NÃO CAIR EM GOLPES COM PIX 

  • Antes de transferir ou pagar, verifique a identidade de quem está solicitando o Pix. Se desconfiar da mensagem, não conclua a operação;
  • Preste bastante atenção antes de clicar para confirmar uma operação e confira todos os dados;
  • Não clique em links recebidos por e-mail, mensagens de SMS, WhatsApp, redes sociais que direcionam a cadastros de chaves Pix;
  • Cadastre suas chaves Pix no canal oficial do seu banco ou fintech. Você pode usar seu número de CPF, de telefone, e-mail ou outro número aleatório para criar as chaves;
  • A confirmação da criação da chave Pix nunca vem por ligação ou link. Após o cadastro, o BC envia o código por SMS ou e-mail.

POR QUE TANTA GENTE CAI NO GOLPE DO PIX? 

Especialistas em crimes virtuais e a Febraban analisam que o Brasil tem um cenário fácil para a ocorrência desses golpes por unificar duas situações: alta incidência de criminalidade em geral e a intensa informatização da economia, ou seja, uma população que usa cada vez mais os meios digitais ao invés do dinheiro. 

Se em países europeus e asiáticos ainda é relativamente comum encontrar estabelecimentos que não aceitam cartão, no Brasil boa parte das pessoas usa o "dinheiro digital" até na hora de pagar um cafezinho na padaria. 

O grupo mais vulnerável aos golpes, dizem esses especialistas, é o de não nativos digitais. Tratam-se daquelas pessoas que nasceram e viveram grande parte do tempo sem acesso à internet.  Um estudo da agência americana Federal Trade Commission afirma que maiores de 60 anos têm mais chance de cair em golpes. E que, nessa faixa etária, os bandidos agem, em sua maioria, por meio de chamadas telefônicas. 

Ao caírem no golpe, as vítimas interpretam os sinais dos criminosos como verdadeiros. Isso é consequência de viver numa realidade em que os fatores que influenciam a percepção são extremamente elaborados. Especialistas em crimes virtuais enxergam essas vítimas como pessoas que não desconfiam das ofertas, tampouco procuram investigar se são reais.