O que você vai ler neste artigo:
Quase oito a cada dez lares brasileiros têm alguma dívida a vencer, um recorde desde que esse levantamento nacional começou a ser feito, há 12 anos.
São 78% das famílias com endividamentos em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo, crédito consignado ou prestação de casa ou carro.
Houve um aumento de 0,7 ponto percentual em relação ao mês anterior e de 6,6 pontos em um ano.
A pesquisa que traz esses números é a Peic (Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, desde janeiro de 2010, em todas as capitais.
A mesma pesquisa, referente ao mês de julho, informa que o percentual de famílias já inadimplentes – ou seja, com as dívidas em atraso – também bateu recorde, chegando a 29% dos lares do país.
Isso representa um aumento de 0,5 ponto percentual em relação a junho e de 3,4 pontos em um ano. É mais de um quarto das famílias brasileiras nessa situação.
A pesquisa também mostra que 10,7% dos consumidores disseram que não terão condições de pagar as contas atrasadas.
“A inflação elevada achata os rendimentos e dificulta a organização do orçamento familiar. Além disso, o avanço da informalidade no emprego é outro fator que aumenta a volatilidade e a incerteza sobre a renda do trabalho, atrapalhando a gestão das finanças pessoais”, analisa o relatório da Peic de julho.
É importante diferenciar uma dívida a vencer de uma inadimplência, que ocorre quando a dívida já está em atraso.
Ou seja, é possível ter dívidas de forma organizada para sempre pagá-las sem se tornar inadimplente.
Por exemplo: uma pessoa que usa o cartão de crédito para fazer compras parceladas contrai uma dívida, mas não necessariamente quer dizer que ela está inadimplente, desde que sempre pague a fatura do cartão de crédito em dia, até a data do vencimento.
Ela se torna inadimplente se deixar de pagar a fatura em dia.
Uma situação de inadimplência pode causar o famoso nome sujo ou negativado, que é a inscrição do nome de uma pessoa que não pagou dívidas durante um determinado tempo nos serviços de proteção ao crédito.
Estar com o nome negativado traz diversas consequências:
Vale lembrar que estar inadimplente não impede ninguém de ser contratado por uma empresa, tirar documentos pessoais ou mesmo abrir conta bancária.
O primeiro passo é reconhecer suas capacidades financeiras. Assim, comece por anotar o recurso que você tem disponível e todas as contas que você possui a pagar, incluindo as que estão em atraso.
Feitos os cálculos, você deve saber organizar as contas e gastos essenciais, que são aqueles que você não pode viver sem, como alimentação básica, luz e água, por exemplo. É muito importante saber quais contas priorizar.
Os itens essenciais variam de pessoa para pessoa. Alguém que precisa pegar transporte público para chegar ao trabalho, por exemplo, deve incluir essa despesa como essencial.
Da mesma forma, alguém que precisa do celular ou de internet em casa para poder trabalhar também deve ter essa conta como uma despesa fundamental no fim do mês.
O mesmo vale para medicamentos de uso contínuo, caso você faça uso de algum.
Tão importante quanto as dicas do que fazer, são as dicas do que não fazer para evitar a inadimplência. Por isso, não caia na cilada do crédito fácil, do cheque especial ou do rotativo do cartão de crédito.
Esses são os juros mais altos do mundo, podendo chegar a mais de 400% ao ano. As dívidas nessas modalidades podem facilmente virar uma bola de neve.
Ao saber na ponta do lápis as suas receitas e despesas, chegou a hora de negociar com a empresa para a qual você está devendo. Tente chegar a valores que caibam no seu orçamento mensal. Busque por melhores taxas e condições.
Outra possibilidade de dar um jeito nas dívidas com juros altos é fazer um empréstimo consignado. Como ele desconta direto do rendimento ou benefício, costuma ter taxas bem melhores do que as disponíveis no mercado.
É trocar uma dívida de juros maior por outra com taxas melhores e parcelas que caibam no seu orçamento.
Vale lembrar que não é necessário pagar o valor total da dívida para ter o nome retirado das listas de inadimplência: caso você parcele o pagamento, ao quitar a 1ª prestação, o nome já pode ser limpo.
No entanto, tenha atenção: novos atrasos farão seu nome retornar para a lista de devedores.
Leia também: É verdade que dívida com mais de 5 anos caduca?
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