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11.03.2022
PorRedacao | Millena PAN
Há alguns meses, uma pesquisa da Plano CDE perguntou aos brasileiros o que eles fariam se tivessem um incremento de R$ 600 na renda mensal. O que mais se ouviu é que eles guardariam esse montante extra na poupança.
No entanto, outro número do estudo chamou a atenção: quase dois em cada dez (18%) disseram que, ao contrário, usariam esse dinheiro para melhorar a alimentação de suas famílias.
Não é um dado trivial. Em meio à pandemia de Covid-19, para além do aumento de pessoas em situação de insegurança alimentar pelo país, é um fato que a ida ao supermercado se tornou uma tarefa inglória para boa parte da população – que, embora tenha visto um aumento nos rendimentos, também passou a encontrar produtos básicos da alimentação doméstica por preços muito mais altos nas gôndolas.
Isso aconteceu principalmente por causa da chamada inflação dos alimentos. Em 2020, ela teve uma alta expressiva de 18%, e chegou até a arrefecer um pouco no ano passado, mas ainda assim subiu 8,2%, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Foi assim que itens que fazem parte da mesa da maioria dos brasileiros foram ficando, ao longo de 2021, muito mais pesados para o orçamento doméstico.
O frango, por exemplo, subiu cerca de 30%. Já uma caixa de ovos terminou o ano passado 13% mais cara, enquanto o tradicional cafezinho custa hoje 50% a mais do que há um ano.
E, se os preços do arroz e do feijão, unanimidades nacionais, caíram um pouco no ano passado, eles ainda não recuperaram o galope de mais de 60% que experimentaram em 2020. Ou seja: ainda hoje, o prato tradicional das casas brasileiras é mais caro do que antes da crise da Covid-19.
Essa é uma realidade que justifica o por quê muitas pessoas terem dito que usariam uma possível renda extra para melhorar a alimentação de suas famílias. Mas como isso aconteceu?
Inflação é o nome dado comumente ao aumento dos preços de um conjunto de produtos e serviços. No Brasil, há vários indicadores que medem esse fenômeno, sendo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, o principal deles.
Todo mês, é por meio dele que milhares de preços de uma mesma cesta de itens são analisados em todas as regiões. Depois, o instituto calcula, um a um, o quanto eles subiram naquele mês. O resultado disso se transforma na inflação oficial do país.
Essa cesta é dividida por segmentos, como custos com habitação, vestuário ou com transportes, por exemplo. É assim que, quando os preços dos combustíveis sobem, essa última categoria é mais impactada do que as outras, atingindo também a taxa geral.
Em 2021 - ano que terminou inflacionado em pouco mais de 10% -, o principal impacto, como já se viu, veio justamente dos preços dos alimentos.
Há diversas explicações para isso, mas a que aparece como consensual é que, como o dólar ficou mais alto e, em paralelo, muitos países passaram a demandar mais alimentos dos produtores brasileiros, eles passaram a vender mais para fora do que para o mercado interno.
Sem contar o aumento dos combustíveis, que afetou a distribuição logística dos produtos e, por consequência, os preços dos alimentos.
Sempre que o custo dos alimentos sobe, famílias de classes inferiores são mais impactadas. A explicação para isso é que, ao contrário dos mais ricos, boa parte da renda dessas famílias é usada justamente com alimentação – como arroz, feijão, café e carnes, por exemplo.
Isso fica mais claro observando uma pesquisa recente: ela mostrou que, entre as classes C e D, pouco mais de um terço (36%) de tudo o que elas consomem ao longo do mês está no supermercado. Isso significa que qualquer variação nos preços dos alimentos atinge em cheio os orçamentos dessas famílias.
Como ela foi para cima nestes últimos anos, entende-se melhor a demanda de boa parte da população em comer melhor – para muitas delas, de fato, a alimentação cotidiana ficou mais pobre.
Mas isso explica, principalmente, o porquê tantos brasileiros melhorariam a comida que colocam na mesa se tivessem uma renda extra hoje.
Com a renda mais corroída pela inflação dos alimentos, eles almejam ao menos voltar aos padrões de consumo desses itens que tinham até a Covid-19. Comer melhor, para essas pessoas, não é necessariamente uma questão de escolha.
LinkedIn: Breno Herman Mendes Barlac
Instagram: @planocde
* Esse artigo é de autoria do colunista Breno Barlach e não reflete necessariamente a opinião do Banco PAN.
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