O que você vai ler neste artigo:
Basta uma ida rápida ao supermercado ou aquela passada no posto para abastecer o carro para constatar como tudo está muito mais caro nos últimos tempos.
Para se ter uma ideia, em pesquisa realizada pelo radar FEBRABAN (Federação Brasileira dos Bancos), entre 21 de maio a 2 de junho de 2022, 93% dos entrevistados responderam que o preço dos produtos aumentou ou aumentou muito em relação ao início do ano de 2022.
Além disso, 78% apontaram que o consumo de alimentos e outros itens do abastecimento doméstico foram os mais impactados. E é esse aumento de preços que chamamos de inflação.
Vamos supor que a inflação foi de 5% em 12 meses. Isso quer dizer que, no último ano, os preços tiveram um aumento de 5%. Por exemplo: algo que custava R$ 100 há 1 ano, passou a custar R$ 105.
A gente sabe que o primeiro impacto é sentido no bolso, mas essa não é a única consequência do aumento de preços de bens e serviços. Ela também influencia, de forma geral, toda a economia brasileira
De acordo com o Banco Central, a inflação é responsável por gerar incertezas na economia, reduzir o interesse por investimentos e, de forma geral, prejudica o crescimento econômico. Além disso, a instituição lembra que o aumento de preços impacta de forma negativa a vida das pessoas mais pobres.
Para se ter uma noção, de março de 2017 a março de 2022, o real perdeu 31,32% de seu poder de compra. Isso quer dizer que, atualmente, a população consegue comprar apenas dois terços do que podia comprar há 5 anos, com a mesma quantia de dinheiro. Por isso, muita gente tem se assustado ao ver a conta do supermercado nas alturas, mesmo com o carrinho vazio.
Com a inflação muito alta, os preços de itens de supermercado, aluguéis, combustíveis, mercadorias de uso pessoal e vários outros tendem a subir mais rapidamente. Isso aumenta seu custo de vida, o que quer dizer que você terá que gastar mais para comprar ou pagar o que precisa.
Imagine que, de um ano para o outro, as coisas ficaram mais baratas, e aquele item que antes custava R$ 100 passou a custar R$ 95. Quando isso acontece, os economistas chamam de deflação. Por mais que todo mundo queira comprar o que precisa pagando menos, nem sempre isso é uma coisa boa para a economia.
Quem explica o porquê é o próprio BC, que trabalha para manter a inflação baixa, mas sem que haja uma derrubada dos preços:
Ao contrário do que possa parecer, preços em queda podem ser prejudiciais para o bom funcionamento da economia. “Um comerciante poderá ter prejuízo se ganhar menos amanhã pelo estoque que fez hoje. As famílias e as empresas poderão adiar suas decisões de consumo e investimento se houver a perspectiva de que os preços serão mais baixos amanhã, deprimindo a atividade econômica.”
Em outras palavras: para quem tem comércio, é prejuízo pagar, hoje, por um produto que será vendido por um valor mais baixo do que o ideal no futuro. Já no caso do consumidor, se ele se vê diante da possibilidade dos preços estarem mais baixos lá na frente, é melhor esperar do que comprar agora, certo? Isso tudo é deflação e, se acontecer por muito tempo, traz prejuízos para as empresas, além de diminuir o consumo.
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Agora, em relação à inflação, o BC aponta como algumas das suas causas principais:
O IBGE mede a inflação por meio de dois índices de preços:
Como explica o próprio instituto, o IPCA “engloba uma parcela maior da população. Ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos”. Já o INPC “verifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos”.
O IBGE ainda tem o IPP (Índice de Preços ao Produtor, que mostra a variação de preços de venda para produtores de bens e serviços), e o SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil, medido em conjunto com a Caixa e que analisa a variação de preços na área de construção e habitação).
No Brasil, também existem outros índices relacionados à inflação, medidos por outras instituições, além do IBGE:
Para finalizar, a pergunta de ouro do momento! Para tentar controlar a inflação, o BC costuma lançar mão da política monetária, que significa que, ao mesmo passo em que o IPCA sobe, a taxa de juros básica (Selic) também cresce. Mas essa não é a única solução possível e, para alguns especialistas, nem mesmo é a mais indicada.
Em entrevista a uma publicação da Época Negócios, economistas apontaram alguns caminhos possíveis, mas, pelas divergências nas respostas, dá para ter ideia de como não é uma resposta tão simples:
Antonio Corrêa de Lacerda, Professor da PUC-SP: “Precisamos estimular a concorrência. Temos de enfrentar a indexação e, também, é necessário rever o sistema de metas, aperfeiçoando-o com as melhores práticas internacionais”.
Zeina Latif, Economista-chefe da XP Investimentos: “O que devemos fazer é resolver a questão fiscal. Para fazer isso, é preciso tomar algumas medidas um pouco impopulares. É preciso discutir a reforma da Previdência. É preciso acabar com renúncias fiscais. É preciso reavaliar nossas políticas públicas”.
Gustavo Loyola, Ex-presidente do Banco Central: “Não há atalhos fáceis no combate à inflação. Sua redução depende da política monetária e do equilíbrio das contas públicas. O Banco Central deve se ater ao regime de metas. Porém, é indispensável a recuperação fiscal, com vistas a melhorar a percepção de risco e evitar que o real continue se desvalorizando”.
Como podem ver, não há consenso em relação ao caminho para a redução da inflação. Por enquanto teremos que adaptar as nossas compras ao orçamento cada vez mais apertado.
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