O que você vai ler neste artigo:

taxa Selic teve aumento de 1 ponto percentual, variou de 11,75% para 12,75% no início de maio, o que significou o décimo aumento consecutivo desde o começo de sua ascensão. O maior índice dos últimos 5 anos.

Mas, afinal, porque a variação da taxa Selic deve ser um assunto de interesse de todos? Simples, porque ela impacta em todos os bolsos. Para alguns de forma positiva (poucos) e para outros de forma negativa (a maioria).

DESMISTIFICANDO A SELIC

A taxa Selic é a taxa básica da economia, que é definida pelo Banco Central do Brasil (BCB) na reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM). Essa taxa serve de referência e influência para todas as demais taxas praticadas no país.

Também é um dos principais instrumentos de política econômica, servindo para o controle da inflação, através da regulação da oferta e demanda.

A determinação da taxa Selic é bastante complexa, visto que é um índice obtido por meio de uma média ponderada, sendo esse índice uma referência para a economia, ou seja, com a fixação dele temos a taxa referencial para a política monetária, que serve de base para as demais taxas de juros da economia. 

Atualmente, o principal elemento que faz com que a Selic varie tanto é a inflação (vide artigo:  Entenda o que é inflação e como ela impacta no seu bolso) e esse é um indício de desequilíbrio entre oferta (vendedores) e demanda (compradores).

O objetivo desses aumentos da taxa Selic é ter menos dinheiro em circulação na economia e, como efeito, a redução do consumo pelas pessoas e empresas. Assim, o esperado é que a inflação comece a cair.

QUEM GANHA E QUEM PERDE

Alguns setores da economia se beneficiam com a alta da Selic. Bancos, financeiras e seguradoras, principalmente. Além disso, quem investe em renda fixa também consegue tirar proveito da Selic em alta. 

No primeiro caso, o custo do dinheiro fica mais caro. Ou seja, os bancos e as financeiras cobram mais para emprestar dinheiro às pessoas, e as seguradoras fazem o mesmo em relação aos seguros, aumentando assim os preços de seus serviços.

No segundo caso, as pessoas que investem em renda fixa como poupança, CDB’s, tesouro direto e outros que são atrelados à taxa básica terão rendimentos maiores.

Por outro lado, os prejudicados são muitos. É um efeito em cascata, pois com a Selic em alta, sobem também as taxas de juros de créditos e financiamentos tomados. Esse é justamente um dos objetivos do Banco Central ao aumentar a Selic: reduzir a circulação de dinheiro. Logo, diminui o crédito. 

Como consequência, pode ocorrer que empresas com dificuldades para conseguir crédito reduzam pessoal ou até entrem em falência, o que aumenta ainda mais o desemprego. 

Quem consegue crédito tem um alto custo para isso e aí repassa esse custo ao preço final de seus produtos ou serviços, através do aumento de preço, o que impacta também na apuração da inflação do período, podendo assim ocasionar um círculo vicioso.

 

EM RESUMO, AS PRINCIPAIS VANTAGENS DA SELIC EM ALTA SÃO:

  • Aumento do rendimento da poupança

  • Melhor rentabilidade das aplicações financeiras em renda fixa, como Tesouro Direto, CDB, LCI, LCA e outros;

  • Tendência de estabilidade da inflação, pois a Selic aumenta justamente para conter o aumento da inflação e se a inflação fica estável, espera-se menos sustos nos supermercados;

  • Valorização do Real frente ao dólar, pois a taxa de juros alta atrai investidores estrangeiros, significando certa estabilidade nos preços dos produtos ou serviços atrelados ao dólar.

E AS PRINCIPAIS DESVANTAGENS:

  • Empréstimos, financiamentos e seguros ficam mais caros;

  • Aumento dos juros do cheque especial;

  • Aumento dos juros do cartão de crédito;

  • Aumento de desemprego e, consequente, aumento da informalidade;

  • O aumento no custo do crédito pode ocasionar aumento de preços, pois, se o empresário pegou dinheiro emprestado para produzir um bem ou serviço ou para pagar seus funcionários, ele poderá repassar este custo para seu produto ou serviço e poderá refletir na inflação, o que é perigoso – pois poderá resultar em um efeito bola de neve, visto que o aumento da Selic é justamente para conter o avanço da inflação.

Há coisas na vida que não tem como evitar, como são os casos da taxa Selic e inflação. 

Entretanto, ter conhecimento de como essas situações afetam sua vida, possibilita que você busque como evitar os efeitos no seu bolso, como não tomar crédito ou financiamento neste momento de alta de juros, por exemplo.  

Por fim, lembro que desmistificar economia e finanças faz parte do meu propósito de vida. Através de exemplos do cotidiano, busco demonstrar como a economia faz parte de seu dia a dia e como as variações no cenário econômico afetam a sua vida.

Quer saber mais sobre como a economia impacta no seu dia a dia? Precisa se relacionar melhor com seu dinheiro? Siga-me nas redes sociais e envie seu questionamento ou sugestão. Afinal, juntos vamos lá e PAN!

DIRLENE:

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*Esse artigo é de autoria da colunista Dirlene Silva e não reflete necessariamente a opinião do Banco PAN.