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28.09.2021
PorRedacao | Millena PAN
Em momentos de crises econômicas como a que estamos vivendo em decorrência da pandemia da Covid-19, é comum surgirem comentários sobre planejamento e educação financeira.
Em geral, os artigos e postagens que tratam desse assunto são bem-intencionados e pretendem mostrar formas de fazer o dinheiro durar mais tempo. Um tópico comum nesse tipo de conteúdo é o do planejamento financeiro.
Os “gurus” começam com perguntas do tipo “saiba aonde você quer chegar” ou “quais são suas metas”. O planejamento envolve objetivos, construção de uma reserva para emergência, de outra reserva para planos de longo prazo, compra de imóvel e alguns outros preparativos para grandes gastos.
No entanto, o planejamento financeiro, a capacidade de olhar para o futuro para tomar decisões no presente, não são coisas triviais – especialmente para quem não tem certeza se vai chegar ao fim do mês. Muitas vezes, se esquece de um passo anterior e igualmente (ou até mais) importante: a organização financeira.
Mesmo em momentos de crescimento econômico, o comportamento financeiro das pessoas é muito variado, de acordo com diversos fatores, alguns individuais, e outros mais culturais. Nosso comportamento e capacidade de organização é influenciado, ao longo da vida, pelas nossas referências (familiares, amigos etc.), pela nossa escolaridade e também por aspectos da nossa educação, que não estão sob nosso controle.
Em diversas pesquisas, encontramos, ao longo dos anos, elementos que devem ser levados em consideração quando se fala em “educação financeira”, mudando a ênfase do “planejamento” para o de “organização”, a partir do entendimento de como as famílias brasileiras lidam com dinheiro e as dificuldades de gestão do orçamento doméstico quando ele é variável e limitado.
O primeiro ponto enfrentado pelas famílias brasileiras é a falta de entendimento sobre o seu próprio orçamento. Para a grande maioria das famílias, a renda é variável, dependente de “bicos”, trabalhos informais, trabalhos como empreendedores, atividades para complementar a renda etc.
Isso ocorre porque, mesmo quando há, na família, uma pessoa com emprego formal, normalmente o salário não é suficiente para cobrir as despesas da casa, fazendo-se necessários esses complementos.
Com tantas rendas que mudam mês a mês, as famílias não sabem dizer quanto vão ganhar e, consequentemente, quanto vão gastar a cada mês. Isso ocorre porque, no mês em que há mais renda disponível, é necessário cobrir algum empréstimo ou conta atrasada daqueles meses ruins, ou mesmo consumir algo que não foi possível.
Essa confusão sobre o volume de entradas e de saídas das famílias pode parecer, em um breve artigo como este, fácil de se resolver. Mas temos que lembrar que essas confusões ocorrem em famílias reais, que têm de tomar decisões importantes sobre suas finanças em meio às contas, boletos e prazos apertados.
Além disso, temos que lembrar que uma parte grande da população está na primeira geração que terminou o ensino médio. Com menor escolaridade, é naturalmente mais difícil perceber os padrões do dinheiro que entra e que sai e encontrar meios de entender melhor as variações de renda para, com isso, passar os meses com maior tranquilidade.
Isso que foi exposto nos leva de novo ao começo deste artigo. A educação financeira voltada para “metas” de longo prazo não faz sentido para a maior parte da população brasileira, que lida com metas de curtíssimo prazo muito difíceis de serem alcançadas – renda baixa, contas altas, insegurança sobre como chegar ao final do mês.
O foco do trabalho de educação financeira deve ser direcionado para a organização financeira:
Entender quanto se ganha de fato todo mês
De onde vem esse valor?
Quanto é oriundo de um trabalho fixo?
Quanto de trabalhos mais esporádicos?
Quanto você consegue guardar para o começo do próximo mês
Como são divididos os gastos da família?
Quanto são os gastos fixos, quanto são extras?
E, finalmente, de que forma a família como um todo pode se organizar para que todos contribuam para os gastos da casa antes de terem seus gastos individuais e, assim, tentar impedir endividamentos que seriam evitáveis, mesmo com o orçamento apertado.
LinkedIn: Breno Herman Mendes Barlach
Instagram: @planocde
* Esse artigo é de autoria do colunista Breno Barlach e não reflete necessariamente a opinião do Banco PAN.
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