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29.10.2021
PorRedacao | Millena PAN
Eu me apaixonei por economia muito cedo, ainda na adolescência, e decidi que seria economista por perceber o quanto a economia impactava fortemente na minha vida e na vida das pessoas em geral.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, economia não é uma ciência exata, e sim uma ciência social aplicada e, como tal, estuda várias disciplinas como história, geografia e outras que buscam entender situações e os aspectos da vida das pessoas.
Então, a economia busca auxiliar no uso e na aplicação dos recursos escassos de maneira eficiente, através do estudo do comportamento econômico. Logo, a economia é feita pelas pessoas e para as pessoas.
Dentre as várias possibilidades de atuação de um economista, eu optei por atuar com finanças, buscando a humanização da economia, demonstrando às pessoas os impactos que isto tem na vida delas e assim, decidi dar ênfase naquilo que eu já era especialista mesmo antes da graduação: gerir dinheiro, pois eu fazia o impossível que era gerir um recurso que eu nem tinha.
Na busca por esta humanização fui estudar também inteligência emocional e posteriormente, vi o surgimento da economia comportamental, que veio validar e legitimar ainda mais meu trabalho.
A economia comportamental é um ramo de estudo da economia que, aliado a psicologia, neurociência e ciências sociais, busca entender a forma que as pessoas fazem suas escolhas.
Assim, a economia comportamental comprova que as pessoas tomam suas decisões com base em hábitos, experiências e regras práticas simplificadas.
Em artigos anteriores apresentei situações do dia a dia como o aumento de preços, a inflação, a variação dos salários e do dólar, as causas de divórcios, as brigas nas famílias e as tragédias motivadas por dinheiro, que demonstram que economia e finanças fazem parte da vida de todos.
Também falei do tabu dos brasileiros em falar de dinheiro e justifiquei a origem deste tabu: as crenças, trazendo ainda passos para eliminá-las.
Agora, trago a reflexão: Quem manda no seu dinheiro: a razão ou a emoção?
Quando eu faço este questionamento, nove entre dez pessoas respondem que é a razão quem manda no seu dinheiro. Entretanto, quando começo a explorar o assunto, trazendo exemplos, a consciência aperta e o silêncio impera.
E você, já refletiu a respeito? Tem dúvidas de que a maioria de suas decisões financeiras são comandadas por sua emoção? Então, leia e reflita.
É comum as pessoas justificarem seus consumos exagerados com a frase “eu mereço”, sem se preocupar em completar esta frase questionando-se: eu mereço o que?
Se fizéssemos este complemento de pensamento, veríamos que este “eu mereço”, geralmente se transforma em dívidas a perder de vista.
E normalmente por este argumento, e sem se importar com o dia de amanhã, as pessoas usam o cartão de crédito como extensão de seus rendimentos como se ele não precisasse ser pago ou fosse pago por outra pessoa.
Estouram o limite do cartão e, quando chega a fatura, pagam o valor mínimo sem se incomodar com os juros cobrados, entram no cheque especial como se o valor fizesse parte do saldo de sua conta corrente e, ainda muitas vezes, pedem dinheiro emprestado para os familiares ou amigos ou fazem empréstimos para pagar dívidas e comprar a roupa, a bolsa, o tênis ou o sapato da grife mais cara... para ir aquela festa, fazer aquela viagem, ir àquele restaurante, tudo pela justificativa de que “eu mereço” ou “se fulano pode, eu também posso”!
Ou seja, é a emoção que faz com que as pessoas comprem, consumam e tomem suas decisões por impulso com foco apenas no prazer imediato, pensando no bem-estar do momento e obedecendo sem questionar os padrões sociais que ditam o certo, o errado e o que é bonito ou feio, de forma a não pensar nas consequências futuras.
Deste modo, foi por meio do estudo destes comportamentos que a economia comportamental que eu citei antes comprovou que as decisões de consumo são muito mais emocionais do que racionais.
Chamo a atenção para outros pontos que demonstram que é a emoção que manda no seu dinheiro:
Desejo pela rapidez
Dificuldade de equilibrar interesses de curto e longo prazo
Atração por coisas que não precisamos
Percepção de maior valor quanto mais alto for o preço
A palavra “grátis” possui forte poder de atração, mas não possui percepção de valor.
Por exemplo, compramos roupas que já temos ou não precisamos e ainda pensamos: se é caro, significa que é de boa qualidade!
Aquele curso que é gratuito, nós logo nos inscrevemos, mas nem damos atenção ou não fazemos, pois afinal de contas eu não paguei nada, então não deve ser interessante.
Pontuo aqui que agir com emoção não é totalmente errado, pois afinal somos seres humanos e o que nos diferencia dos outros animais e das máquinas, além da capacidade de raciocínio, é justamente a capacidade emocional. Contudo, equilibrar razão e emoção é necessário para viver bem, tendo saúde física, mental e financeira que representa também qualidade de vida.
Do outro lado da emoção, temos a razão que nos faz pensar no dia de amanhã e nas consequências de nossas decisões.
Uma pessoa que age de forma 100% racional com o dinheiro é aquela pessoa considerada chata que não vive o presente e a vida em sua plenitude.
É aquela pessoa que vive no futuro. Contando trocados, poupando, investindo, vive muito abaixo de sua capacidade financeira, não se importa com status, padrão social, pois só pensa no bem-estar futuro.
Não viaja, não vai ao cinema, não janta fora, não vai a shows ou a festas... tudo para não gastar. Ela acumula muitos bens materiais, mas usufrui muito pouco ou quase nada, à espera por um futuro que pode nem chegar.
Por trabalhar com dinheiro, quase que diariamente respondo a seguinte provocação: Dinheiro traz ou não felicidade? Minha resposta é sempre a mesma: Dinheiro compra conforto, segurança e coisas que nos proporcionam felicidade, mas não é a felicidade em si.
Ninguém é feliz só por ter dinheiro e não fazer nada com ele. Como diz Augusto Cury: “Há miseráveis que vivem em palácios e ricos que moram em casebres”.
O dinheiro compra sim muitas coisas e pode até comprar pessoas ou melhor, a companhia ou a palavra delas, mas nunca o amor, a admiração e o respeito. Há coisas que realmente o dinheiro não compra. A chave de tudo é EQUILÍBRIO!
Por isto, é essencial lembrar constantemente que “o dinheiro serve para nos servir e não o contrário” e acima de tudo que devemos “usar as coisas e amar as pessoas”.
Até o próximo artigo!
Dirlene Silva.
LinkedIn - Dirlene Silva
Instagram - @dirlene.economista
*Esse artigo é de autoria da colunista Dirlene Silva e não reflete necessariamente a opinião do Banco PAN.
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